Antes dos 30
- Thayse Espíndola
- 24 de out. de 2017
- 2 min de leitura
Talvez você não pensava em ter filhos antes dos 30, mas se foi assim que foi projetado o seu caminho: formatura, maternidade, profissão, casa, escola e uma vida bem trabalhosa na corda bamba, pode ser que você ainda se desconheça.
Quando as pessoas te cobram filhos você deve acreditar que isso transforma a nossa vida de um jeito doce e romantizado. Não, não é assim tão fácil.
Nossa vida é transformada sim. A minha foi pra melhor, mas também muito mais cansativa. Pra falar a verdade a minha vida de antes tinha até o luxo da preguiça, do soninho tranquilo e looongo.
Mas não gosto de dizer pras minhas amigas e parentes: não tenham filhos! Isso não é o que sinto, não é o verdadeiro sentimento do grupo social chamado de "pais", excluído muitas vezes dos barzinhos e baladas... bom, mas isso não vem ao caso, é papo pra outra hora. Essa fala é esbravejada apenas por um sentimento passageiro, doloroso e insano, mas que passa logo (graças a Deus, Deusa, Jah,...).
Falando em hora, não tem nada mais angustiante e ao mesmo tempo gerador de adrenalina do que quando bate a hora de buscar seu filho na escola e você tá sem sutiã, sem escovar os dentes, com uma blusinha de fazer faxina ou presa no trânsito, no trabalho, no consultório daquele dentista enrolão. Isso não passa. rsrs
Ter filhos não é dividir, é somar. Somamos dividas, mas também somamos grandiosas experiências de vida. Filhos proporcionam rompimentos de trabalho, de relacionamentos, de projetos (e sejamos realistas, isso também acontece muito sem eles, talvez seja apenas mais fácil), mas também possibilitam parcerias, companheirismo, trabalhos realizadores com mulheres, e homens também (por que não?) fortes! brilhantes! apaixonantes! maravilhosos! Que fazem com que tenhamos fé na humanidade, na luta a dois.
Quem é pai ou mãe de uma criança pode errar muito, pode errar consigo mesmo e com seu próprio filho, mas estamos sempre querendo acertar. Acertar no amor, acertar na escolha do lugar para deixá-los enquanto trabalhamos; acertar na carreira e na estabilidade do emprego; acertar nas finanças e não deixar faltar nada; acertar na mega sena (detalhe, rs) e viver viajando, mostrando o mundo pra eles; acertar o dia da apresentação do colégio e do jogo de futebol (conciliando com o evento da empresa que você também não pode faltar). Tantos acertos, tantos medos, tantos desafios que você e o mundo cobram de nós, no entanto estamos aqui, gerando vida.
Nós temos muitas funções, muitos estresses, muitas dores e desilusões com a maternidade/paternidade, mas o que sobra no final é um pedido de um beijinho pra sarar o machucado, uma piada aprendida entre família, um "Santa Luzia passou por aqui" pra enxotar o cisco. Um "mamãe, você é minha cavalinha, me carrega na cacunda?!" 😝 Um "papai, senta aqui, quero brincar com você no meu quarto", "vovó, vou trazer um chocolate do mercado pra você!",...
São tantas provas desse amor, que só os filhos trazem, que eu ficaria horas escrevendo sobre o porquê ter filhos. Mas posso terminar dizendo apenas assim:
O amor por um filho é loucura, mas não é egoísta. Dói, mas não machuca. É falho, mas não invejoso. É altruísmo e empatia juntos. É "amor que não se pede, amor que não se mede, que não se repete."
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